domingo, 19 de fevereiro de 2012

OS PAIS DA INGRATIDÃO

"Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim. O boi conhece o seu possuidor, e o jumento o dono de sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende".
Deus, a Israel, por intermédio do profeta Isaías

"Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?"
Jesus, ao leproso curado e grato, o único que voltou para agradecer-lhe

Ontem a noite, saímos para passear no shopping da cidade. Quando lá chegamos e entramos, logo no começo, em um espaço central entre os corredores, uma empresa armou alguns brinquedos para atrair as crianças. Eram três: um passeio de barco em piscina artificial rasa, um pula-pula comum e um outro brinquedo que não sei o nome, mas é muito comum, uma espécie de gangorra individual onde a criança coloca um colete e é elevada por elásticos prá cima e prá baixo sem parar. Logo que viu esses brinquedos meu filho, obviamente, como qualquer criança normal faria, pediu para brincar. Então, eu permiti, mas lhe disse que éle só poderia brincar em um visto que o dinheiro era curto. Eñtão ele foi. Brincou durante cinco minutos. Na saída, porém, já esquecido do trato do começo, ele me pediu para brincar mais uma vez em outro. Como não tinha dinheiro, uma outra pessoa pagou para ele ir. Ele foi e brincou mais 10 minutos no pula-pula. Quando saiu, porém, de novo, insatisfeito, queria conhecer o terceiro brinquedo, mas eu não o deixei visto que além de não ter dinheiro eu já havia tido que ser socorrido por outra pessoa antes. Ele, contudo, não quis nem saber dos argumentos. Abriu a boca chorando porque não podia brincar pela terceira vez, como se não tivesse brincado nada, nenhuma vez, enquanto que, na verdade ele brincou mais do que fora combinado e prometido, visto que prometi e combinei apenas um brinquedo, mas ele por graça pôde brincar em dois. Ele, todavia, por ignorância e desvalorização do trato feito, não contemplava a oportunidade que teve de brincar em dois, mas apenas a falta que o último, que nem lhe fôra prometido, lhe fez e criou um sentimento de insatisfação infundamentada na mente infantil dele.

Esse fato me fez pensar de novo sobre a ingratidão.
Sim, porque essa atitude dele ilustra muito simples e claramente um ingratidão latente.
Qual foi a ingratidão?
Não reconhecer a dádiva de brincar duas vezes e se concentrar na privação que lhe foi feita.

Então, comecei a meditar no significado da ingratidão, principalmente suas causas mais comuns e essenciais.

Você sabe quais são elas?

Eu quero que nós meditemos em pelo menos duas causas de ingratidão que chamei de "mães" desse sentimento tão mesquinho e pequeno que nos torna seres horríveis, apequenados, arrogantes, insuportáveis.

As duas mães da ingratidão são a ignorância e o orgulho.

A primeira mãe da ignorância é a ignorância.
Sim, ignorância gera ingratidão.

É exatamente isso que ensina o próprio Deus nas palavras dirigidas a Israel e ao profeta Isaías.
Ele explica que Israel o desprezou justamente porque não o conhecia. E não conhecia mesmo, nada. Tanto isso é verdade que o Senhor os chama de seres tão burros que se tornaram piores que os animais. O estado de falta de entendimento acerca da pessoa de Deus era tão grande que os animais se tornaram exemplos para aqueles seres humanos visto que na sua limitação tinham mais sabedoria e entendimento que os homens insensatos que desconheciam o caráter de seu Pai e Criador.

IGNORÂNCIA: MÃE DA INGRATIDÃO!!!

A ingratidão que enxerguei em meu filho ontem a noite foi fruto da ignorância dele acerca do significado de tudo que havia ganhado. Ele não percebeu - por causa de sua compreensão infantil limitada do momento - que já havia recebido muito. Não viu a graça derramada sobre ele naquele instante.

Toda ingratidão têm um parcela de ignorância.
Israel revoltou-se e tornou-se ingrata para com Deus porque ignorou suas bençãos e graças derramadas, o que o Senhor chama de "criar e engrandecer". Na mente do Pai, Ele já havia feito muito pelos filhos. E fez mesmo, pois criar e engrandecer é de fato grande benevolência. Só criar já seria. Somente dar a vida e permitir a existência já é grande dádiva, contudo, além disso, o Criador derrama muitas bondades dentro da própria existência de seus filhos. Mas eles, que não contemplavam o que o Pai via, não eram conscientes nem da bondade da criação quanto menos do acréscimo do engrandecimento.

Você conhece seu Pai e Criador? Conhece mesmo?
Têm consciência de tudo com o que ele te cercou?
Ele te criou, te formou, te trouxe do nada, da não-existência, do vácuo e te fez um ser. Não qualquer ser, mas um ser com muitas capacidades, tanto que ele sujeitou o restante da criação a você. Além disso, contemple o "engrandecimento" dele em seu favor. A cidade em que você nasceu, a qual você pode até aborrecer porque não contemplou as grandezas dela; a família em que caiu, que mesmo tendo muitos problemas, pois toda família têm, saiba, não é a pior de todas as da terra; a saúde que você tem; o acesso a uma boa educação; a situação financeira, enfim, uma infinidade de graças derramadas desde sua infância mais tenra.

Contemplou? Ainda continuará a expelir ingratidão pelos poros de sua alma infantil?

A ingratidão também têm pai.

O PAI DA INGRATIDÃO É O ORGULHO!

O orgulho acompanhada de arrogância e presunção em pensar ser melhor do que se é, deseprezando assim as graças que necessitava e recebeu, é o pai da ingratidão. Se por um lado a mãe é a ignorância, por outro lado, sem ignorância, isto é, com consciência de todos os benefícios recebidos bem como também da fonte de onde eles se originaram - de Deus - então, sabedor de tudo, simplesmente despreza conscientemente e não atribui o valor devido tanto a pessoa quanto ao bem que dela recebeu.

Foi o que estava presente no coração dos nove leprosos ingratos que Jesus curou dentre os dez. So nove ingratos eram israelitas enquanto que o grato que voltou para manifestar o reconhecimento tanto da pessoa quanto do bem recebido era samaritano. Esse detalhe faz toda a diferença. Revela um orgulho-presunçoso e esnobe entranhado nas vísceras daqueles israelitas arrogantes. O problema deles já não foi ignorância pois sabiam quem era Jesus, mesmo que fosse apenas de ouvir falar, visto que Jesus era israelita e um homem totalmente público para eles e suas famílias. Enfim, o que percebemos é que além da óbvia constatação da ingratidão confirmada pela omissão da volta que não aconteceu, houve dentro deles essa causa diferente que originou a ingratidão claramente manifesta.

As vezes a ingratidão se manifesta em um ser totalmente consciente da pessoa e da graça que recebeu!

É terrível, mas possível. Infelizmente, é possível sim.

Algumas vezes, o elemento gerador de ingratidão em nós não é a ignorância, mas a desvalorização consciente tanto da pessoa quanto da graça recebida por nós.

Sabemos, mas desconsideramos. Conhecemos, mas desprezamos. Temos ciência, mas nulificamos o valor da pessoa e do bem que ela nos fez.

Você, porventura, se encontra nesse estado?
Pode ser que sim.
E se fôr, quebrante-se agora porque o seu estado é pior do que o do primeiro caso da ignorância.

Você é bem informado sim, não invente justificativas que não absolvem!

Reconheça: você sabe muito bem sobre o que estou falando.

Como conclusão, é bom lembrar que a ingratidão é um dos sentimentos que Deus mais abomina em seus filhos e que o faz, como sempre, adotar muitos outros que não lhe procuravam nem perguntavam por ele para lhes serem filhos visto que os "originais" simplesmente desprezaram toda a bondade de seu Pai Amoroso e Gracioso.

Dá para parar de ser tão ingrato e converter-se á gratidão consciente que reconhece QUEM É e TUDO O QUE FAZ seu Pai Celeste por você???

Thiago.

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