quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O AMOR NÃO CONTROLA

"Já não vos chamos servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer".
Jesus, aos discípulos, conversa registrada ño Evangelho de João 15.15

"O amor... não se ensoberbece"
Paulo, apóstolo, em I Coríntios 13

Acabei de ouvir o relato de um fato interessante que aconteceu com meu filho. A mãe dele me contou que, dias atrás, enquanto brincava com os primos aqui na sua casa, assistindo TV, ele desligou repentinamente o aparelho. Então, os meninos reclamaram, pois estavam assistindo um desenho. Ele, por sua vez, se virou e disse: "Aqui em casa sou eu quem mando!", manifestando assim, mesmo criança, uma disputa de poder entre eles. Quando ouvi o relato desse fato pensei apenas na única diferença que quase sempre existe entre as crianças e adultos: ambos desejam controlar os outros e vivem a disputar poder, mas geralmente os adultos são piores porque quase nunca manifestam claramente - como fez meu filho - esse desejo de domínio relacional e territorial.

Sim, dificilmente um adulto diz: "Aqui sou eu quem mando!", porque geralmente ele quer esconder a verdadeira realidade de seus sentimentos de domínio, controle e posse que exerce sobre os outros.

Na minha pequena experiência de vida, vi pouquíssimos adultos terem a sinceridade de manifestar seu desejo de controlar, muitas vezes os vi tentando dominar sem manifestar claramente e de forma transparente o que realmente desejavam. Era uma decisão aqui, uma outra atitude acolá, uma manipulação, uma dissimulação, etc. A maioria dos possessivos e dominadores são discretos, tentam esconder de todas as maneiras suas verdadeiras intenções. Contudo, basta observá-los com cuidado e sabedoria que você rapidamente os percebe pela simples e sábia observação de seu dia a dia.

Como existem dominadores neste mundo!

Aliás, todos nós temos esse potencial aqui dentro do peito e o manifestamos de uma forma ou outra. Se não fôr escancaradamente como fez meu filho com seus primos, é sutilmente através de decisões e atitudes que falam por si só sem necessidade de explicações verbais.

Esse sentimento de dominação, controle e posse sobre o outro, que também pode ser chamado de opressão, pois assim as Escrituras os denominam muitas vezes - ou você pensa que só o diabo oprime? - é resultado e fruto das paixões que vivem em nossa carne, nossa natureza torta e caída. É paixão e nunca amor. Onde há esse tipo de sentimento saiba: o amor ainda não chegou lá! Pois o amor não controla, embora zele; não domina, embora cuide; não oprime, embora esteja sempre por perto interessado no bem estar do outro.

"O amor não se ensoberbece", disse Paulo, significando com isso que o amor não se enxerga superior aos outros, embora possa de fato ser, contudo, ele não se eleva nem se engrandece para diminuir o outro.

Jesus exemplificou essa verdade quando sendo Mestre e Senhor, não se importou com a realidade de quem era e pôs-se a servir os seus discípulos chamando-os de amigos e não servos subordinados como empregados ao patrão e funcionários ao dono. Não, ele amou sem controlar e dominar e manipular.

O verdadeiro amor liberta!
A paixão escraviza!
Mas o amor lança fora toda algema e cadeia ou grilhão que oprime.

Submeta todos os seus relacionamentos ao crivo desse princípio e você saberá qual deles verdadeiramente é baseado em amor ou em apenas paixão controladora e opressiva.

Dias atrás assisti um filme-desenho que ilustra bem esse princípio. O filme se chama "Enrolados" e conta, de uma maneira inteligente e engraçada, a história conhecidíssima de Rapunzel, a princesa sequestrada ainda bebê por uma mulher malvada que a manteve por anos isolada do mundo em uma torre no meio da floresta. Essa mulher malvada - que se auto-proclamou mãe para ela - constantemente a manipulava todas as vezes que a moça queria conhecer o mundo externo. Inventava mil e um argumentos para mantê-la presa não apenas na torre, mas principalmente em seus ardis psicológicos doentios, mentirosos e dissimulados. E fazia isso dizendo que a "amava", o que era claro ser uma mentira para quem observava a história com um olhar minimamente crítico. Aquilo nunca foi amor, mas apenas controle opressivo interessado em obtenção de benefícios que a menina lhe dava - seu cabelo tinha o poder de manter a velha jovem - e uma manipulação dissimulada e terrível sobre a alma ingênua da menina aprisionada.

Você ama ou controla as pessoas?
E as pessoas com quem se relaciona o amam ou apenas se servam de você enganando-o?
Você é dominador ou dominado?

A sua posição não importa muito principalmente depois que foi esclarecido acerca da verdade, pois mesmo o oprimido se torna parcialmente culpado quando sabendo do ardil do outro sobre si, se cala, não foge nem confronta o mal de alguma maneira. É claro que pior será ser encontrado do outro lado, como aquele que menti e dissimula, mas também é preciso abrir a boca contra dominações e opressões claramente identificadas, pois, se nos calarmos, tornamo-nos cúmplices aprovadores do mal praticado pelos outros sobre seus próximos.

Sendo você é um dominador, está disposto a converter-se ao amor verdadeiro que liberta o outro?
Se você é o dominado, deseja ver-se livre desse cárcere emocional e espiritual?

Espero que queira, pois, se não quiser, sinto dizer, sua alma está muito doente.

Thiago.

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