quarta-feira, 29 de abril de 2015

A REALIDADE DO CAMINHO DO DISCÍPULO SEGUNDO JESUS
Baseado em Lucas 14,25-33

Jesus exige, de modo aparentemente duro, que seu chamado ocupe lugar central de importância em nosso ser, ultrapassando o valor que atribuímos a pessoas queridas, como familiares e amigos. Isto corresponde a desagradar essas pessoas quando fôr necessário. Também fala de uma renúncia individual, que julgo ser mais difícil ainda, quando somos desafiados a dizer "não" para nós mesmos, nossas vaidades e carnalidades.

A "cruz" do discípulo é simplesmente o peso das conseqüências das renúncias que ele já fez. Renunciar traz conseqüências pesadas, desagradáveis, sofridas, assim como foi dolorosa a escolha de Cristo tanto para renunciar sua glória celestial e descer para se encarnar, quanto para obedecer seu Pai até o final, em meio a gemidos quase insuportáveis de seu ser.

Jesus não obriga ninguém a seguí-lo porque tem a consciência que tal jornada é sacrificante em muitos aspectos para qualquer ser humano, pois significar romper com confortos e tranqüilidades. Portanto, os candidatos precisam calcular sua disposição para os sacrifícios necessários em relação a tantos desafios que precisam enfrentar. É melhor desistir com honestidade e sinceridade do que insistir sem vontade em uma caminhada como essa. Poucas pessoas suportarão até o fim, é caminho para minorias. Assim, "calcular", como está escrito no versículo 28, é simplesmente refletir muito e ponderar com cuidado antes de dizer 'sim' ao chamado do Cristo.

É preciso ser forte o suficiente para suportar as dificuldades do caminho, por isso está dito que é preciso ser 'capaz' (v.29). Mas essa força não é meramente física ou intelectual, mas essencialmente espiritual, sendo que a âncora que segura tal ser no caminho do discípulo é, principalmente, sua fé e seu amor pelo Criador. Essa 'capacidade' também é um dom ou vários dons que o próprio Espírito Santo derrama sobre as pessoas que se candidatam ao discipulado, porque sem essa 'capacitação especial', na verdade, ninguém consegue se tornar verdadeiro discípulo. Entretanto, é preciso dizer que também existe esforço porque, embora haja o dom que cai do céu sem ajuda nenhuma nossa, também há nossa responsabilidade de utilizar o dom para o bem nosso e dos demais. Somos responsáveis pelo que recebemos de graça do Senhor.

Ser discípulo também requer simplicidade no andar e um desapego material. Significa manter um estilo de vida simples que se preocupa só com o essencial, com o sustento, com a dignidade. Simplicidade para morar, vestir, comer, se transportar, etc. Também significa abandonar títulos e conquistas pessoais, como por exemplo, status na sociedade. O discípulo se 'lambuza' no essencial da vida e não sente falta das glórias humanas, porque se satisfaz muito mais nas realidades espirituais e nos prazeres do reino do que nas passageiras e temporárias alegrias materiais. Renunciar o que possui é abandonar os pesos desnecessários, as bagagens inúteis, as ilusões e fantasias pintadas para nós como importantes ou essenciais. O "possuir" (v.33) não é apenas material e concreto, mas também abstrato, mental e espiritual, realidades do ser que precisam ser alteradas. Como diz certo ditado antigo: "O perigo não é possuir riquezas, mas ser possuído por elas". Então, essas posses são mais paixões e ídolos que alojamos em nossos corações do que coisas concretas, embora também haja manifestações concretas e correspondências palpáveis e visíveis.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

APRENDENDO A LIDAR COM NOSSAS CARÊNCIAS - PARTE I

Todos nós temos carências. Independentemente de nossa situação cultural, social, espiritual ou de qualquer outra natureza, como por exemplo, a nossa idade cronológica. 

O filho de pais divorciados, por exemplo, sente a falta do pai (ou da mãe) que agora já não mora mais com ele; o pai (ou mãe), por sua vez, sente a falta do cônjuge que abandonou ou por ele foi abandonado; o outro cônjuge, sente a ausência daquele que saiu de casa. Nesse caso-exemplo, o divórcio foi o algoz da criação de várias carências.

Temos nesse caso narrado como símbolo e/ou metáfora, três indivíduos com carências identificadas bem como também os incidentes geradores delas; carências essas muito comuns principalmente nesses nossos tempos pós-modernos liberais.

Eu poderia dar aqui milhares de exemplos sobre variados tipos de carências e suas causas observáveis, mas não é necessário. Sabe por quê? Porque meu objetivo é apenas mostrar que, apesar de ser impossível fugir da presença e existência de carências em nosso ser, é possível vencermos a tirania e o poder que elas podem exercer em nós para o mal. 

Sim, podemos!

E devemos....

Precisamos vencê-las porque são brechas perigosas no nosso ser, lacunas que vulnerabilizam nossa alma, buracos que se não forem preenchidos pelo que é bom, podem trazer tragédias anunciadas e não-anunciadas em nosso caminho. Então, sendo assim, as perguntas a serem respondidas por nós são:

Como podemos lidar com nossas carências?
Como preencher as lacunas que a vida abre em nós?
Como lidar com os vazios que se instalam dentro do nosso ser?

Não há um resposta pronta para essas perguntas e nem uma fórmula mágica que nos ensine de modo fácil a suprir nossas carências. O que muitas vezes acontece na tentativa de resolver esse problema é substituir uma coisa pela outra, uma pessoa por outra, uma atividade por outra. Veja exemplos:

Uma mulher solitária tenta suprir a falta de um companheiro com um cachorro de estimação.
Um homem solitário tenta suprir a falta de uma companheira contratando prostitutas.
Um filho abandonado pelos pais tenta curar suas angústias usando drogas.
Um adolescente rejeitado pelos pais enfia-se na internet com fuga da realidade difícil a enfrentar.

Enfim, muitos exemplos poderiam também ser dados a respeito desse assunto porque não faltam constatações reais de maneiras de substituição como tentativa de suprir carências nossas.

Entretanto, eu acredito que substituição não é solução.
Tem efeito temporário, calmante, lenitivo momentâneo.
Não supri a carência de modo definitivo e satisfatório.
Possui somente um efeito entorpecedor mesmo e entorpecente é um tipo de ajuda passageira que só produz aquele alívio momentâneo, mas que não trata o problema com profundidade e, portanto, não cura definitivamente o ser de ninguém.

Portanto, o primeiro passo para lidarmos com nossas carências de modo saudável é identificar esses substitutos e, principalmente, abandoná-los, que a parte mais difícil, porque são drogas que injetamos em nossas mentes, almas e espíritos e não saem com facilidade. Saem, mas com dor e produzem alguns estragos e rasgos no ser. Contudo, esses estragos e rasgos são necessários para nossa cura e é um tipo de dor que contribui para o nosso bem.

Por enquanto é só.
Começamos a tratar do assunto, mas ainda há muito pela frente.
Abraços e até o próximo artigo.




segunda-feira, 16 de março de 2015

CALMANTES QUE NÃO ACALMAM E A VERDADEIRA PAZ

Estou percebendo que nós humanos somos seres carentes de experiência espiritual que nos satisfaça e nos acalme ao ponto de experimentarmos uma paz verdadeira e duradoura. Sei que nesse mundo não experimentaremos uma paz assim tão "perfeita", pois vivemos numa dimensão caótica e sempre somos desafiados a vencer certas batalhas até mesmo para sobreviver. Entretanto, sei também que é possível alcançar paz de espírito sem fazer uso de algum tipo de calmante.

Quando digo "calmante" estou me referindo a qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo que possa funcionar como um relaxante para a nossa alma. Desde os mais comuns e conhecidos até outras "drogas" que ou são desconhecidas ou ainda serão inventadas por nós. 

Tenho percebido que existem muito mais drogas do que denominamos. A lista é imensa e também estou percebendo que qualquer coisa, objetivo, pessoa ou atividade pode se tornar, em algum momento, um entorpecente para nós. Precisamos ampliar nosso entendimento sobre entorpecentes. Abandonar aquela lista clássica e incluir nessa nova lista muita outras drogas, inclusive algumas muito sutis que causam um estrago terrível, mas que poucos detectam e sabem lidar com elas.

Em nossos dias, por exemplo, temos um entorpecente que está fazendo estragos na sociedade, mas muita gente ainda ou não percebeu ou não quer reconhecer o fato. É o vício em tecnologia. Aqui na minha cidade, ultimamente, várias pessoas perderam trabalhos por causa de vício em redes sociais da internet, porque ao invés de trabalharem e produzirem aquilo para o qual foram chamadas a fazer, se distraíam constantemente no uso do celular, conversando com pessoas que estavam, obviamente, fora daquele lugar e deixando de se comunicar com as pessoas do local de trabalho. 

Esse é só um exemplo bem comum para você começar a compreender o que eu quero dizer.

Eu quero dizer que nenhuma droga traz a verdadeira paz.
Nenhuma mesmo!

O alívio delas é temporário e circunstancial e algumas ás vezes até muito rápidas, porque o efeito do prazer passa rápido e se exige uma nova dose para tranqüilizar o sujeito.

Percebo - e sei que o que digo é óbvio - que calmantes não trazem paz.
Sejam eles quem forem.
Paz duradoura não, apenas alívio temporário.

Sabe o que eu tenho percebido que traz paz verdadeira e duradoura?
Somente a fé em Deus e em toda a revelação que ele faz de si mesmo, de nós e do universo.
Eu só encontro paz nele e consolo naquilo que Ele diz a mim e sobre mim.

Portanto, essa é a receita que eu indico para qualquer pessoa que já provou a ineficácia de todos os lenitivos disponíveis no mercado pós-moderno. Saiba: a paz não se alcança pela via externa, através de qualquer coisa material, mas somente no interior do ser, quando se alimenta a alma de fé, esperança, verdade, amor, etc.

Cigarro não traz paz.
Álcool também não.
Sexo, dinheiro, tecnologia, ideologias, etc...
Nada! Absolutamente nada!

Somente essa fé em Deus é que relaxa o ser!
Desejo essa fé e essa paz para você, agora, em nome de Jesus.
Amém!

quinta-feira, 12 de março de 2015

CRÔNICAS DO DESERTO

"E os fez peregrinar pelo deserto por quarenta anos, para que aprendessem que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus"

Escrituras Cristãs, livro dos Salmos e também livro aos Hebreus

Já fui príncipe no Egito
Mas hoje sou peregrino no deserto
Você sabe quais são as diferenças?
Muitas! Acredite....e diametralmente opostas.

No Egito eu era servido
Mas no deserto me tornei servo
No Egito era protegido
Mas no deserto estou exposto

No Egito me admiravam
Mas agora, muitos destes, não me entendem ou me rejeitam

O Deserto é um ambiente hostil.
Duro. Implacável. Cruel. Sem misericórdia.

Nele nos sentimos nus.
As roupagens sociais caem e as máscaras também.
Só sobra o ser.
Pelado. Despido.
Como ele é.
Sem camuflagem alguma.

Aqui o nível é de sobrevivência.
Existem lampejos de vida abundante, mas a maioria do tempo é luta, competição, surpresas que, quando são boas apenas aliviam temporariamente o sofrimento, mas não mudam significativamente nosso estado.

Este texto não é uma lamentação.
Não se trata de ingratidão e muito menos rebeldia.

Trata-se apenas de um relato simples e objetivo da experiência de um período de tribulação.

Sabe porque o faço?
Para confortar outros em períodos parecidos ou piores em sua intensidade.

Você percebeu que minha linguagem é bíblica, baseadas nas Escrituras Cristãs. Os cristãos me entenderão facilmente. Já para as outras pessoas "não-cristãs" explico para que compreendam a mensagem.

O 'Deserto' é só uma metáfora de um período difícil. Nós, cristãos, costumamos denominar períodos difíceis de nossa vida desse modo, usando termos bíblicos ou da história do povo de Israel, apelidando estes tempos de: deserto, vale, tribulação, etc.

O Deserto é um período necessário.
Nele aprendemos lições preciosas.
Por isso, não murmuro.
Pelo contrário, agradeço.
Porque meu Deus me trouxe para cá, não para me destruir, mas para me preparar e está comigo todos os dias de mim cuidando até a consumação dos séculos bem como de todo aquele que nele confiar.

Sou mais que vencedor!
Agora. Já.
E você também pode ser, se mantiver essa mesma fé.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

AS DIMENSÕES DO SER

Eu creio, como afirma a Palavra de Deus, que nosso ser possui três dimensões aqui nesse mundo: corpo, alma e espírito.

O corpo é a parte física totalmente dependente das outras duas abstratas.
A alma é a parte abstrata e subjetiva ou espiritual que está entre o corpo e o espírito, mas que tem sua independência, sua força, sua mente, suas capacidades.
Já o espírito é a essência do ser, o alicerce, o fundamento, o sopro do Criador numa atitude repleta de amor; a espinha dorsal do ser.

Sei que é difícil definir tais realidades, principalmente as duas últimas que são abstratas e habitam terrenos difíceis de se transitar, mas também creio que podemos entendê-las pelo menos em parte, por isso me arrisco a escrever sobre tal assunto.

Quero dizer também que minhas bases continuam sendo as de sempre, isto é, a revelação que a Palavra de Deus faz de tudo: da vida, de Deus, do homem e, conseqüentemente também, dessas esferas do ser. Digo isso apenas para que quem lê saiba de onde vêm minhas idéias e meus fundamentos mais profundos. Creia, eles vem de Deus! Eles vem da Palavra de Deus! Eles vem do Espírito Santo de Deus! Porque eu creio que tenho o Espírito dele que me ensina sempre a respeito das profundidades da vida e dos seres.

Então, voltando ao assunto mesmo, não quero dizer muito a respeito do corpo, porque eu creio que ele, mesmo sendo em certo sentido uma criação maravilhosa e enigmática, em outro sentido é totalmente dependente da alma e do espírito para viver e se mover. Portanto, paro por aqui e me dedico a falar sobre os outros dois.

Comecemos pela alma.
A alma é a parte mais superficial do ser. Ela é, de um modo geral, o modo de se expressar do ser, uma espécie de "atriz" que expressa as interioridades mais profundas do ser humano. Ela traz a tona o que está oculto e carrega consigo tanto o bem quanto o mal. Quando vive sozinha, desgovernada, carrega mais o mal; entretanto, quando vive acompanhada pele espírito humano e/ou o Espírito Divino ela produz mais bem do que mal. Uma comparação muito boa - embora imperfeita - que podemos fazer acerca da alma é que ela é a "mulher" do ser. Por que? Porque é mais frágil, mais inconstante, mais volúvel, mais insegura, mais carente, etc. Eu creio que essa comparação é fidedigna e espero que alguma mulher que me leia não seja tomada de um sentimento feminista e me chame de machista, porque não é esse o caso. Só estou emitindo a verdade baseada na realidade e não em desejos de "como eu gostaria que fosse". Não estou aqui manifestando minha vontade, mas a verdade baseada na observação da vida.

Agora vem o espírito.
O espírito humano e não o de Deus.
Porque, na verdade, o espírito humano puro, já tem o espírito de Deus embutido nele. O espírito de Deus só "sai" por causa da carnalidade nossa de cada dia que o expulsa de dentro de nós; é a nossa iniqüidade que faz guerra contra tudo o que é de Deus em nosso espírito.
O espírito é a parte mais profunda do ser, o interior dos interiores, um local de difícil acesso e que poucos adentram pelos mais variados motivos. Uns porque não crêem no que eu digo; outros porque não compreendem e por isso rejeitam; outros até compreendem e crêem, mas têm pregüiça de fazer tais exercícios e preferem as facilidades da superfície da alma.
O espírito é a parte do ser mais consciente da realidade e mais constante. Diferentemente da alma ele não se emociona muito, não se envaidece tanto, se ilude pouco, enxerga mais, vê além e por isso tem maior capacidade de governar o ser para o bem. O espírito pode ser comparado ao "homem", ao ser masculino que possui maior capacidade para governar e espero, novamente, que as feministas não me odeiem; mas se odiarem, já estão perdoadas, porque o espírito vive nas profundezas e não odeia, quem odeia é a alma cheia de pseudo-motivos para odiar.
Portanto, o espírito é a parte do ser mais preparada para governar o ser todo e ser referência para a alma que sempre precisa de direções e rumos e consolos.

O grande desafio, então, depois de entendermos essas realidades e nelas crermos, é que nós vivamos uma vida mais observativa, se esforçando para identificar que nos governa diariamente.

O espírito ou a alma?

Creio que os governos oscilam constantemente.
Ora somos governados pelo espírito; ora pela alma.
Mas os resultados mostram que, no que diz respeito ao governo do ser, o espírito está mais preparado que a alma para tal tarefa.
A alma existe e tem sua importância, mas só produz bons resultados quando direcionada pelo espírito. Caso contrário, o ser tomará rumos estranhos e caminhos de morte quando poderia - porque sempre pode - experimentar os caminhos de vida que o Senhor já preparou para nós desde antes que houvesse mundo.

Amém!
Deus o abençoe e tente fazer esse exercício no seu dia a dia.