quarta-feira, 26 de junho de 2013

VOCÊ É UM SER PACIENTE?

"Meus irmãos, tende como exemplo de paciência os nossos irmãos apóstolos e profetas que viveram antes de nós..."
Epístola de Tiago, apóstolo do Senhor

Nos últimos dias me encontrei muito inquieto e ansioso.
As causas eram duas que prefiro não citar porque também não farão falta ao principal objetivo do escrito desse texto.
São aflições comuns e normais a qualquer ser humano.
Nada absurdo.
Dificuldades que bilhões já passaram e continuam passando no mundo até hoje.

Na minha angústia clamei ao Senhor e ele me respondeu.
Me veio a mente sua palavra e o tema paciência.
Entendi que nesse momento é necessário que eu tenha muita paciência para atravessá-lo.
O momento ao qual me refiro é um tempo que até agora dura aproximadamente 1 ano e 6 meses.
Nas minhas reflexões considerava esse tempo longo até que me lembrei de certos exemplos bíblicos e históricos de homens e mulheres que precisaram esperar muito mais tempo para verem ou não cumpridas as palavras de Deus a seu respeito.

Reli histórias bíblicas.
Três ao todo.

A primeira foi a de José que precisou esperar 13 anos para ver cumprida a promessa de Deus específica para ele, a qual ele recebera em sonhos quando ainda morava com a família e a qual também encheu de fúria os irmãos que motivados de ira e inveja após ouvir dele o relato do sonho profético, decidiram matá-lo e, no final das contas, o que aconteceu foi sua venda como escravo para a terra do Egito. Lá ele sofreu muito, foi atacado, preso injustamente, maltratado por causa de não ser nativo e só no final pôde gozar do cumprimento da profecia quando foi eleito governador do Egito.

A segunda foi a de Abraão que necessitou aguardar 25 anos para ver cumprida a promessa do Senhor de se tornar pai de uma numerosa nação. Ele recebeu a promessa-profecia quando tinha 75 anos, mas só foi pai pela primeira vez aos 100 anos quando sua mulher estéril e velha de 90 anos engravidou de uma maneira miraculosa depois de já não ovular há muito tempo. É óbvio que nesse meio tempo muita coisa aconteceu, inclusive um ato de impaciência do casal que resolveu tentar "ajudar" Deus a cumprir sua palavra dando um jeitinho brasileiro através da gravidez da serva Agar. A idéia foi de Sara, mas Abraão concordou com o conselho incrédulo e impaciente da mulher. Entretanto, chegou o dia em que Deus cumpriu sua promessa e Isaque nasceu. Demorou, mas aconteceu.

A terceira e mais longa dessas histórias (pelo menos em relação ao período de tempo) foi a de Moisés que demorou 80 anos para não ver o cumprimento da promessa profecia que recebeu de Deus. Isso mesmo 80 anos para não ver. Foram dois períodos de 40 anos. O primeiro período durou desde o momento em que ele viu a aflição de seu povo no Egito até o dia em que voltou para lá para mandar Faraó libertar o povo em nome do Senhor. O segundo período se deu da saída do Egito até a chegada a terra prometida de Canaã, terra na qual o Senhor não permitiu que ele entrasse por causa de sua desobediência no meio do caminho.

Também me lembrei de uma história muito conhecida da humanidade que, não é propriamente uma história de fé em alguma promessa divina (pelo menos não parece), mas é uma história humana de paciência de um homem lutando contra um regime totalitário de discriminação. O regime é o Apartheid e o homem é Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, o qual atualmente está muito doente e velho. Comprei o vídeo de sua história e conheci alguns detalhes que me fizeram admirar o homem como uma inspiração humana para qualquer um de nós. Um dos detalhes que nos interessam agora aqui é que seu tempo na prisão por causa de sua luta foi de 27 anos. Isso mesmo: 27 anos e nem eram propriamente pela "causa" do Evangelho, embora tenha sido por uma causa nobre que tenha total relação com os significados mais profundos de igualdade e justiça que Deus em Sua Palavra ensina. Quis citar esse exemplo para nos constranger em nossa total impaciência Ocidental para aguardar promessas proferidas pela boca do Deus que não mente. Em tese,
Mandela teve uma paciência tamanha em relação a uma não-promessa-declarada divina, pois, aparentemente, era uma convicção ideológica. Esse exemplo, então, nos humilha mais ainda, porque não se trata de "exemplo bíblicos", mas meramente humanos, de gente que tem muito maior disposição para lutar pelo que acredita do que a maioria de nós cristãos.

Será que eu e você temos paciência para esperar metade do tempo que esses homens e mulheres esperaram?

Será que nossa geração consegue esperar 13, 25 ou 80 minutos por algo importante?

A paciência é uma virtude necessária em certos períodos da vida.
Só venceremos esses períodos se a mantivermos dentro de nossas almas.
Paciência é paz-ciente que significa manter a paz com consciência da realidade difícil que nos cerca.
Não é paz-ignorante da realidade, aquele tipo de serenidade obscurantista que alguns possuem por causa de sua ingnorância ou não aceitação da vida como ela é.

Você é paciente?

Eu não sou, mas estou precisando, a duras penas, aprender a ser.

Você também tem disposição para trilhar esse caminho?


segunda-feira, 24 de junho de 2013

AGORA O BRASIL ESTÁ COMEÇANDO A SE DESENVOLVER

"O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será ouvido"
Sabedoria registrada em Provérbios de Salomão

No mês de Fevereiro de 2012 escrevi um texto aqui intitulado "O Brasil cresceu, mas não se desenvolveu" que mostrava a realidade de um país onde circulava mais dinheiro com o aquecimento da economia, mas que em muitos sentidos ainda não havia crescido nem se desenvolvido. Naquele tempo muitas pessoas estavam empolgadas (principalmente os mais pobres) porque alguns salários aumentaram, algumas pessoas estavam comendo melhor, vestindo e morando com mais conforto e, enfim, com um pouco mais de acesso a bens materiais que antes era privilégio só dos ricos do país.

Entretanto, esse aquecimento econômico era apenas uma maquiagem produzida pelo governo petista para encobrir a verdadeira face do país, que continuava a sofrer de carências básicas em vários sentidos e áreas como: saúde, segurança, educação, etc. Também a corrupção, como um câncer parasita sugava o dinheiro e as energias da classe trabalhadora que não tinha reversão do dinheiro pago em impostos em seu benefício.

O povo estava sendo enganado pelo governo mais uma vez!

Entretanto, pode ser que agora alguma mudança real rumo ao desenvolvimento realmente aconteça.
Digo isso baseado na onda de mobilização que tomou as ruas da nação há mais de dez dias e já provocou pequenas mudanças e melhorias em alguns sentidos como sabemos.

Agora, sim, o país está começando a se desenvolver e Deus dê força para que se desenvolva mesmo como nação democrática que luta pelos seus direitos contra os usurpadores e aproveitadores parasitas que têm oprimido principalmente os mais pobres desde sempre e continuam a fazê-lo se aproveitando da passividade covarde da nação brasileira.

O Brasil, como nação democrática, é um bebê que começa a engatinhar.
Deus o abençoe a conseguir se levantar e andar.
Que assim seja em nome do Senhor Jesus!
Que Deus conceda energia e sabedoria ao povo para ir até o fim e ver melhorias aliviadoras tomarem conta desse país que é muito rico, mas que ainda não aprendeu a cuidar de seu próprio povo.

Sabemos que ideiais não serão totalmente alcançados, mas também acreditamos que através de muita luta melhorias podem acontecer. Deus queira que sim e nos ajude a lutar até o fim.

O Brasil pode melhorar, todos sabemos.
Tomara que seja agora, o mais rápido possível, porque o clamor dos oprimidos é grande em muitos lugares e cantos dessa nação.

sábado, 22 de junho de 2013

O EVANGELHO MUDA NOSSO OLHAR

"Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso"
Jesus

Dias atrás eu me encontrava muito triste por causa de algumas dificuldades que estou enfrentando: solidão (moro totalmente sozinho e recebo pouquíssimas visitas), desemprego (há 4 meses saí do trabalho e não consegui mais uma nova oportunidade), distância da família e maioria dos amigos (estou em uma cidade e estado que não são os meus natais, há mais de 1000 Km de minha família), entre outros detalhes que também trazem um pouco de peso a essa atual situação.

Me deprimi porque concentrei fixamente o olhar, isto é, a atenção nessas "faltas" que possuo atualmente.

Entretanto, há poucos dias comecei a mudar o olhar e a perspectiva e encontrei motivos para agradecer a Deus apesar dessas aflições que sofro. Um desses motivos é o fato de eu estar sendo sustentado pelo Senhor (através de família e amigos) de um modo que nada material me falta: nem casa, nem comida, nem roupa e comparado a escassez que muitos outros seres humanos viveram e vivem, na verdade, tenho até certo conforto, principalmente levando em consideração que não estou trabalhando no momento.

Algumas pessoas possuem o que tenho mas com muito suor do próprio rosto.
Eu, entretanto, no momento, apesar de não exercer nenhuma atividade que produza renda, estou suprido de tudo o que essencialmente  e materialmente preciso.

Essa percepção me fez enxergar a graça de Deus, visto que é graça mesmo, já que eu não trabalho para ganhar o que ganho, apenas recebo como dádiva graciosa de pessoas que estão me ajudando. A graça de Deus é maravilhosa e quebra regras estabelecidas a milênios. No meu caso a regra de trabalhar para se sustentar e conseguir o pão do suor do próprio rosto, isto é, pelo esforço realizado pelo próprio trabalho.

Percebeu como a mudança de olhar transforma nossa tristeza em alegria?
Foi exatamente isso o que aconteceu comigo esses dias atrás.

Essa é a mudança de olhar a qual Jesus se referiu.
Essa mudança de olhar é mudança de perspectiva, de enxergamento, de ângulo pelo qual se observa e se constata as realidades da vida.
Mudei o ângulo e a tristeza se transformou em alegria pela constatação que a graça de Deus está operando em meu favor para meu bem no momento.

Creio que podemos vencer toda aflição, por pior que seja, apenas exercitando esse princípio.
Todo mal traz consigo algum bem, ainda que seja um bem que só você intimamente enxergue.

Essa mudança de perspectiva não resolveu objetivamente meus problemas, mas resolveu subjetivamente, no meu coração, na minha alma, no meu espírito que agora está menos triste e mais esperançoso.

Continuo morando sozinho, desempregado e longe de minha família e amigos.
Entretanto, também continuo comendo, bebendo, vestindo, habitando a graça de Deus todos os dias.

"Obrigado meu Deus por mudares minha percepção. Que sempre seja assim para que eu sempre tenha consolo que vem da Tua Palavra e também que seja assim para quem estiver lendo esse texto agora. Amém!"

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A ÚNICA RELIGIÃO QUE DEUS ACEITA

"A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo"
Tiago, apóstolo de Jesus, a irmãos religiosos de sua época

É difícil até comentar esse texto de tão claro e óbvio que ele é.
Mas mesmo assim vou tentar.

Tiago escreve a religiosos que estavam acostumados a sua rotina de cerimônias, leituras, cânticos, enfim, todo tipo de prática religiosa comum a qualquer sistema religioso de qualquer época e lugar. É importante também lembrar que o próprio Tiago era um homem de origem religiosa, mas que encontrou Jesus no meio do caminho e foi abandonando, mesmo que com dificuldades, a casta religiosa que recebera como herança de sua família e sociedade.

Dois verbos são essenciais para nós aqui.

O primeiro é o "visitar" em referência aos órfãos e viúvas.
"Visitar" significa socorrer todos os necessitados (não somente órfãos e viúvas) que aparecerem em nosso caminho com necessidades reais e nos encontrem com possibilidades de ajuda. "Tribulações" significa nos momentos em que eles mais precisarem de nossa ajuda, nas crises, nas situações mais delicadas em que a vida os colocar e nós soubermos e pudermos ajudar de alguma maneira. Significa não se omitir diante de pessoas reais com necessidades sérias que cruzem o nosso caminho. Não significa, necessariamente, se tornar um "misssionário" de tempo integral para os necessitados, principalmente se você tem outras responsabilidades como trabalho para se sustentar e cuidado para com familiares, por exemplo. Também não significa crer que você pode acabar com a pobreza ou com as injustiças, pois sabemos que tanto uma quanto outra sempre existirão. É fazer o que dá, quando dá, como dá, para o bem do outro. "Visitar" é não se omitir diante do poder de ajudar o próximo.

O segundo verbo é o "guardar-se" em referência ás contaminações que o mundo pode trazer ao espírito.
É necessário aqui lembrar que "mundo" não é o que a religião diz que é. Para a religião mundo é geografia e comportamentos, entretanto, para Jesus "mundo" é um sistema mental e espiritual contrário aos princípios de sua Palavra. "Mundo" não é simplesmente "não fumar, não beber, não dançar, nem transar fora do casamento". Tal pensamento é um reducionismo tremendo acerca do verdadeiro significado do conceito de "mundo" nocivo ao discípulo de Jesus. "Mundo" é a forma de pensar contrária aos pensamentos de Deus revelados e que gera morte ao invés de vida espiritual para nós. Portanto, guardar-se para não se contaminar é vigiar sempre a mente, a alma e o espírito para saber se você não está contrariando o Evangelho de Deus na sua forma de pensar, sentir, enxergar e discernir a vida. É andar no mundo como qualquer ser humano, sem evitar certos lugares ou até comportamentos e práticas, mas com a consciência do significado de todas as coisas e também do limite saudável e real que existe para nossa alma e espírito que pode provar de tudo desde que seja com moderação e que gere vida para nós.

É interessante como a religião é infantil!

Eles ainda crêem que Deus está a procura de gente para ficar freqüentando templos, discursando e ouvindo discursos, cantarolando e realizando outras programações parecidas e igualmente infantis. E esse fato piora quando os ajuntamentos solenes, os discursos e os cânticos estão associados a mais terrível hipocrisia, uma dissociação completa do senso de realidade da vida.

Deus não quer templo!
Nem discursos!
Nem cânticos!
Muito menos cerimônias hipócritas!

Deus quer misericórdia!
Amor!
Verdade!
Serviço ao próximo que gere vida tanto para quem faz quanto para quem recebe!

Até quando ficaremos andando na contramão do que Deus chama de vida?

quinta-feira, 6 de junho de 2013

UM SEGREDO PARA CONSEGUIR AMAR O PRÓXIMO

"E o Verbo se fez carne e tabernaculou entre nós...não para nos julgar, mas para nos salvar"
Palavras do apóstolo João em seu livro evangélico

Só conseguiremos algum resultado em favor do nosso próximo, seja ele quem fôr, se adentrarmos seu mundo.

A maioria das pessoas só ouve quem de alguma maneira entrou em seu mundo, pisou o seu chão, calçou suas sandálias e observou o mundo através de sua perspectiva.

Resolvi escrever sobre esse assunto porque ouço muitas pessoas repetirem exaustivamente o essencial princípio de amor ao próximo. Entretanto, percebo que muitos, talvez a maioria, não sabe como praticar esse amor ao próximo, até porque cada próximo é um ser diferente do outro e cada ambiente e situação também. Para conseguir amar alguém com a qualidade de amor que esse alguém precisa e deseja receber nós necessitamos dessa introdução ao mundo alheio.

Então, obviamente, vêm algumas perguntas-chave a nossa mente:
"Como conseguiremos amar nosso próximo?
Que tipo de amor cada próximo precisa?
Como dar? O que dar? Quando dar?
O que reter? Como reter? Quando reter?
Como discernir meu próximo para conseguir amá-lo de uma maneira significativa para ele?"

Jesus nos ensina esse princípio e nos responde algumas perguntas.

Em primeiro lugar, ele mostra que para adentrar o mundo do nosso próximo é necessário renunciar, ainda que parcial e temporariamente, nosso próprio universo. Ele fez isso quando desceu do céu até esse planeta cheio de desamor e mentira. Em Filipenses está descrito de uma maneira simples e ao mesmo tempo completa os detalhes dessa renúncia:

"pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz".

Esse processo de esvaziamento é essencial para conseguirmos algum sucesso na entrada ao mundo do nosso próximo. Se nós não nos despirmos de boa parte de nossas convicções ou perspectivas da vida não teremos sucesso ao empreitar tal jornada. Sucumbiremos no meio do caminho. Será um fracasso nossa investida. Contudo, se fizermos uma "faxina" em nosso ser, ainda que seja temporária, essa limpeza será muito útil e contribuirá para alcançarmos resultados de identificação com o outro.

Tive uma experiência que serve como ilustração dessa verdade acima dita. Aconteceu quando abandonei o sistema religioso e meu cargo de reverendo de uma instituição religiosa histórica sesquicentenária. Nessa saída ficaram para trás minha mulher, meu bom salário, status, glória, segurança institucional, apoio de muitas pessoas que se admiravam da personagem encarnada por mim até então. Precisei me esvaziar, aliás, até hoje continuo precisando porque ás vezes o espírito de reverendo volta a atacar e só Deus me livra dele.

Em segundo lugar, para entrar no mundo do próximo é preciso adentrar seu ambiente, seu território, sua geografia, sua maneira de enxergar a vida, sua perspectiva de olhar sobre o mundo, o ângulo pelo qual ele enxerga a existência. Jesus também fez isso. Ele nasceu como humano, viveu como humano, experimentou todas as experiências comuns a todos os seres humanos, pois teve corpo de homem. Está escrito que ele "...se fez carne e habitou entre nós". Possuiu nossos ossos, nossos músculos, nossa pele, nossos órgãos; pisou nosso chão, respirou nossos ar, suou, urinou, defecou, teve dores, cansaço, fome, sede, sono, envelheceu e enfraqueceu embora não tenha experimentado tanto essa realidade da senilidade visto que morreu aos 33 anos, mas sentiu sim um pouco do desgaste físico natural que o corpo sente ao decorrer dos anos.

Só entraremos mesmo no mundo do nosso próximo se caminharmos junto com ele.
Morarmos na sua casa, conhecermos seu bairro, sua cidade, sua origem; comermos sua comida, acordarmos em seu horário, executarmos as tarefas diárias que ele executa, recebermos seu salário, etc.

Me lembrei agora do testemunho que consegui dar do Evangelho a alguns jovens meses atrás. Eram meus companheiros de trabalho numa empresa prestadora de serviços de call center. Eu passava por um período de muita necessidade financeira e por isso aceitei o trabalho mesmo sendo uma atividade muito estranha para mim e um salário muito baixo. Na convivência com os companheiros de trabalho percebi que logo quando descobriram minha vocação e história como pastor ficaram admirados de me ver trabalhando ao lado deles, visto que a maioiria dos pastores de nossa época não se submeteria a um tipo de trabalho como esse com remuneração baixíssima, pois a maioiria tem um ser ganancioso e cobiçoso além de preguiçoso, principalmente os adeptos da teologia da prosperidade. Assim, dei um testemunho que nenhum outro deu a eles, porque os outros só falam de cima de seus púlpitos, vestidos com seus ternos finos, com microfone na mão e vivem perambulando pela cidade em seus carros caros. Pela graça de Deus dei um bom testemunho e falei ao coração daqueles jovens naquele tempo.

Em terceiro lugar, o objetivo dessa entrada precisa ser nobre, bom, para contribuir, salvar e não para reparar imperfeições e emitir juízos e condenações a alma do próximo. Ás vezes entramos para arrebentar quem já está no chão, para esmagar a cana que já se encontra quebrada, como ensina o profeta antigo a respeito do que Jesus não fez conosco. Jesus veio para uma humanidade perdida e arrebentada com o propósito de salvação, recuperação, restauração, recomeço, restart. Diz o apóstolo a respeito dele que "...Deus enviou o seu filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele". Ele não veio para condenar, mas para oferecer perdão e dizer que Deus já nos perdoou desde antes de nós nascermos quando o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo.

Só alcançaremos o coração do nosso próximo se entrarmos para ajudar com amor e não para oprimir a alma de quem já está sobrecarregado com as angústias desse tempo terrível. É melhor nem entrar do que entrar para oprimir, sobrecarregar, emitir juízos condenatórios. Se não tivermos amor e esse objetivo bem definido em nossa consciência ajudamos mais nos omitindo.

Em quarto lugar, quem se dispõe a tal tarefa precisa ter a consciência de que será aceito por uns, mas rejeitado por outros. Nunca haverá unanimidade. Com Jesus foi assim e com quem se dispor a ser seu discípulo e consequentemente a entrar no mundo alheio dos outros também pode se preparar para rejeições. Esse é o caminho dos apóstolos e profetas e não mudará por minha nem por sua causa, pois a natureza humana continua a mesma visto que a alma e o espírito humano não se modernizam, não perdem suas primitividades básicas de ser e existir. Uns aceitam outros não. Uns amam, outros odeiam.
É assim que é porque assim sempre foi e assim sempre será:

"Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o seu testemunho. Quem, todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez testifica que Deus é verdadeiro".

Em quinto e último lugar, para entrar de verdade no mundo alheio atingindo significativamente a alma do outro é necessário ousadia. Só com ousadia entraremos de verdade no mundo das pessoas. É preciso intrepidez, cara de pau, correr o risco de ser rejeitado e jogado para o lado de fora de novo. Se não agirmos assim, principalmente nos casos de pessoas bem fechadas, não conseguiremos adentrar o mundo delas. Como alguns dizem, nessa hora, precisamos "Passar óleo de Peroba em nossa cara de pau e ir...". Com medo, mas com mais coragem do que receio.

A ousadia abre as portas de seres trancafiados por inúmeros motivos!

Jesus era ousado e muitas vezes entrou sem medo na intimidade de pessoas para produzir algo de bom dentro delas, uma mudança de dentro para fora.

Será que temos disposição para fazer tal jornada?
Será que temos humildade para sairmos de nosso mundinho confortável e ajudar alguém?
Será que vencemos a preguiça para mudar alguns hábitos em favor do outro?
Será que temos força para sermos rejeitados por alguns e talvez até pela maioria?
Será que temos coragem para correr o risco de passarmos constrangimentos para salvar alguém?

Que Deus nos dê disposição para tal empreitada.
Em nome de Jesus.
Amém!!!