segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A SIMPLICIDADE É COMPLICADA, MAS POSSÍVEL

"Sede simples como as pombas..."
Jesus, no Evangelho de Mateus

Você acha que é simples ser simples?
Considera fácil encarnar o caminho de simplicidade que Jesus propôs como vida aos seus discípulos?

Creio que não.
Acredito que você, assim como eu, imergido na realidade do dia a dia, nas demandas da existência e no frenesi do corre-corre deste mundo cada vez mais acelerado e complexo, sabe que é difícil praticar o mandamento de Jesus todos os dias, ou na maioria deles, ou até em pelo menos apenas alguns deles.

Por que será que é complicado ser simples?
Por que temos nos tornado todos os dias seres cada dia mais complexos e multifacetados?
Por que a alma humana está tão fragmentada em nossos dias?
Quais as origens e causas permanentes que complexificam nossa vida?

Como fazemos muitas vezes, é preciso voltar ao início de tudo, para compreender ou pelo menos lembrar de origens, causas e significados. O momento Éden sempre nos refresca a memória acerca do que sempre aconteceu e até hoje acontece.

No princípio, na gênese, tudo ERA SIMPLES!
Deus criou tudo perfeitamente, os céus, a terra, o mar, a fauna, a flora, as espécies, o ser humano, etc.
Tudo era lindamente simples e belamente descomplicado. Tanto isso é verdade que ao final de cada dia o Senhor observava a criação do cotidiano e dizia para si mesmo: "Tudo é muito bom!". E por que era bom? Por ser complexo? Por que a vida era corrida e agitada? Por que as pessoas mal se viam e conversavam umas com as outras enquanto corriam daqui para lá e de lá para cá? Porque Adão e Eva ficavam mais de um dia sem se ver morando na mesma casa como chega a acontecer com alguns casais de nosso tempo?

NÃO, absolutamente, não!

Tudo era simples porque Deus é simples embora seja também o insondavelmente misterioso.

E o que aconteceu? De que maneira a simplicidade acabou?
Sabemos da história e não vou me estender. Mas o fato é que o Diabo, o complicador de tudo, começou a tumultuar o céu, como sabemos, ambicionando usurpar o trono do não-usurpável Altíssimo. O mistério da iniqüidade aconteceu, embora não saibamos como exatamente, mas aconteceu e esse fato complexificou tudo desde sua própria existência até depois a existência de toda a criação que se contaminou com esse vírus.

Mas o que de fato aconteceu no Éden que podemos chamar de a complexificação do que é simples?
 São variadas as palavras que podemos usar e as implicações do que aconteceu, mas quero destacar apenas uma realidade.

A grande realidade que estragou tudo no Éden foi a fé na mentira.
Quem mentiu? O Diabo. Quem acreditou? Eva, a mulher, e depois Adão também, como cúmplice.

A mentira torna a simplicidade complicada e muitas vezes impossível de ser praticada. A verdade é, mas a mentira que não é precisa lançar de mil fundamentos que não são para dar a impressão que é, que existe. Então, o mentiroso, ás vezes de propósito como foi o caso do Éden, lança a proposta falsa como desafio para aquele que a recebe. A mentira sempre é uma proposta. Geralmente de crescimento, expansão, ambicionista, promotora, alavancadora, como foi no caso de Eva que acreditou na mentira de Satanás.

"PROGRESSO" era o que Eva queria. INSATISFAÇÃO é o que tomou conta de sua alma. DESOBEDIÊNCIA foi o que ela praticou contra a ordem do Senhor expressamente dada.

No afã de experimentar o novo ela arruinou-se bem como toda a criação junto de si. De lá para cá, como conseqüência dessa queda, tudo se complexificou. As disciplinas vieram e permaneceram como condição enquanto o homem pisar esse chão. As criaturas sofreram amputações e mutações que lhes transformaram em seres emissores de gemidos por causa da escolha humana; o homem passou a experimentar o trabalho como carga pesada que lhe tomaria grande parte do tempo e da força; a mulher sofreu a multiplicação das dores do parto que provavelmente eram leves e a limitação do desejo para seu marido embora não saibamos exatamente o que isso signifique de fato.

A vida abundante se tornou SOBREVIVÊNCIA extenuante, como se dá até hoje, aqui, aí, em todos os lugares do planeta terra.

Então vem a pergunta: É possível trilhar um caminho de simplicidade em um mundo caído? Como andar descomplicando-se a cada dia enquanto assistimos a nossa volta uma horda de seres humanos cada dia mais complexificados e de alma multifacetada?

Sim, é possível, embora seja difícil, como nadar contra a correnteza do fluxo de um rio caudaloso que corre frenético para o outro lado.

É possível desde que haja disposição física, mental e espiritual da nossa parte de encarar essa jornada diária.

É possível se levarmos as palavras de Jesus a sério esforçando-nos para sermos praticantes dela e não meros ouvintes. Os ouvintes são sempre mais complicados enquanto que os praticantes simplificam tudo. Os meros ouvintes só criticam, apontam erros e exigem qualidade de conteúdo e oratória, mas os praticantes têm a capacidade de resumir a essência, arregaçar as mangas e sair pelo mundo vivendo a Palavra.

Os ouvintes são do tipo muito religiosos que sempre trazem questões a Jesus enquanto que os praticantes são aqueles que mesmo não sabendo muito tentam praticar tudo o que sabem.

É possível sim, simplificar a vida. Difícil é querer, ter disposição, vencer a preguiça.

É possível se tornar um homem e uma mulher cada dia mais simples, com menos vaidades e caprichos.É diminuir a quantidade de carros, se você os tem em abundância ou se tem só um quem sabe abandoná-lo?
É viver com menos satisfeito no essencial. É retirar do coração os variados ídolos que estão cravados em nossa geração, como por exemplo, a tecnologia. Dias atrás ouvi uma mulher dizer: "Não vivo sem internet!".
Como se a internet fosse água, comida, saúde, ou Deus. E não duvido que trata de uma pessoa que não depende da internet para trabalhar, mas apenas para entreter-se, o que aconteceu com muitos. Você teria disposição de pelo menos diminuir sua dependência e tara por tecnologias do nosso tempo? Você se disporia  a visitar pessoalmente aqueles que você diz que são seus amigos mas não sabe nem o cheiro deles?

Você diminuiria ou abandonaria o ar condicionado de seu carro?
Todos os dias vejo ridiculamente muitas pessoas viciadas em ar condicionado de modo que o ligam e fecham os vidros do carro mesmo quando não é necessário. Ontem á noite, uma pessoa no carro em que eu estava, queria ligar o ar mesmo com o clima fresco, pois havia acabado de chover, tamanha a dependência que se criou da tal respiração artificial.

Você se disporia a tornar-se menos artificial e mais natural? Abandonar o refrigerante e substituí-lo por suco natural e/ou água?

Se você não tem disposição suficiente para mudar pequenos hábitos como esse, infelizmente, será difícil tornar-se uma pessoa simples, pois você está fadado a fazer parte da sinfonia de morte que impera em todas as babéis de nosso mundo contemporâneo e urbano.

É possível descomplicar-se, mas só depende de nós.

Thiago.

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