quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A GRAÇA DE DEUS NOS CONSOLA EM MEIO ÁS DORES DA RENÚNCIA

"Qualquer que quiser vir após mim e não amar menos seu pai, mãe, irmão, irmã, filho, filha, casa, carro, dinheiro e etc. não é digno de mim"
Jesus, no Evangelho de Mateus

Há três dias venho sofrendo de dores geradas pela saudade do meu filho.
Estou tentando falar com ele, mas não consigo porque nos dias anteriores ninguém atendeu e hoje ele estava bem longe do telefone, brincando feliz com seus primos.

Esse falar com ele ao qual me refiro é praticamente só ouvir sua voz porque por causa de sua pouca idade (3 anos e meio) ele troca apenas duas ou três palavras comigo no telefone. Para mim já é um pequeno alívio embora eu queira mesmo é estar junto dele.

Hoje meu peito está doendo apertado porque voltei a sentir a saudade vinda da distância que nos separa no momento. Então me veio á mente a realidade do significado do que é de fato e de verdade renunciar segundo o ensino de Jesus no Evangelho.

Renunciar é duro, muito duro!

Creia-me, não escrevo para me vangloriar diante de você me apresentando como alguém que "teve coragem" de praticar o ensino de Jesus. Não, não é esse o meu objetivo. O objetivo é lembrar-nos juntos que Deus é tão bom que sua graça cuida de nós mesmo em meio as dores e sofrimentos mais profundos que possamos sentir.

É dolorido tomar uma decisão de "amar menos" quem você ama muito. É uma amputação. É um corte. É um arrancamento de pedaço. Fico imaginando a gravidade da dor de perder um filho mesmo, por morte e não por distanciamento apenas geográfico. Ou então, perder um filho que, por um ou outro motivo não quer nem falar com o pai e chega ao ponto de considerar seu pai um ente morto, enterrado, sepultado no coração de tal filho.

Lembrei-me também do caso da história da entrega que Abraão fez em sacrifício de seu próprio-único-filho Isaque. Apenas imagino a dor que ele sentiu antes e durante essa oferta. Se para mim, viver distante do meu filho, vendo-o apenas alguns dias por mês, sabendo que está vivo e bem, já é doloroso, quanto porventura terá sido doído para Abraão subir com Isaque no colo ao Monte Moriá naquele dia?

Nenhum de nós sabe o tamanho da dor que ele teve e provavelmente nunca saberemos visto que essa parece uma daquelas experiências únicas e radicais que Deus proporciona a determinados homens e mulheres que têm imensa intimidade com ele. É para poucos porque poucos nessa vida suportariam tal peso.

Entretanto, apesar de todas as dores reais que a renúncia para seguir a Jesus traz, o Senhor é tão bom que continua derramando uma graça consoladora para nos fortalecer após uma decisão que tanto rasga a alma quanto essa.

Ele diz que para seguí-lo é necessário amar menos todos e tudo, não nos isenta das dores conseqüentes
dessa decisão, MAS nos socorre com a fidelidade de derramar sobre nossa alma sua abundante graça consoladora.

Portanto, creia, Deus nos carrega nos braços em momentos de pós-perda, mesmo que tenha sido uma perda-conseqüência da simples obediência ao chamado para seguí-lo.

Você está sendo chamado a renunciar algo ou alguém por amor ao reino de Deus?
Entenda, eu estou dizendo "por amor ao reino de Deus" e não aos seus caprichos e vaidades de um coração que quer aproveitar a oportunidade para se "livrar" de um problema que talvez você mesmo causou.

Não generalize nem absolutize as minhas palavras, pois minha experiência não é base de tomada de decisão para quem quer que seja assim como o fato de Abraão ter atendido a um pedido para imolar o próprio filho signifique que Deus continua fazendo o mesmo da mesma forma com outros homens hoje. Cada um ele trata de uma maneira.

Talvez você esteja sendo chamado a renunciar uma promoção de trabalho por amor ao reino.
Pode também ser um namoro ou a convivência em sua casa paterno-materna porque chegou a hora de você deixar pai e mãe.
O chamado para renunciar também pode implicar em uma mudança geográfica, de cidade, estado ou país.
Eu não sei o que significa para você hoje renunciar, mas pode ser que você saiba e esteja sendo chamado para praticar tal renúncia.

Mas seu caso pode também ser outro, semelhante ao meu.
Pode ser que você já renunciou (por amor ao reino) e agora esteja sofrendo as dores e implicações todas do que é amar menos tudo e todos para seguir a Jesus. Nesse caso saiba: o mesmo Jesus que aventou a possibilidade de perda de entes queridos no caminho do discipulado também garantiu o ganho de muitas pessoas que lhe aparecerão como pais, mães, irmãos, filhos, filhas, amigos, etc.

Você perde, mas também ganha!

Deus nos ampara como diz o Salmo: "Ainda que meu pai e mãe me desampararem, o Senhor me acolherá" e "faz com que o solitário habite em família".

Se esse fôr o seu caso, a minha oração é para que o Espírito Santo caia agora em você enquanto lê essas palavras e te encha de alegria vinda da certeza da consolação do amor do Pai dentro de seu coração.

O Senhor te fortaleça, meu irmão!

E mais: saiba que as dores da renúncia manifestada por amor ao reino trazem um crescimento espiritual grandioso. Lembra-se de quando você era adolescente? Eu me lembro que na minha adolescência (não sei se é fenômeno comum) meus ossos doíam muito. Eu não sabia o motivo e nem tinha disposição para procurar um médico e fazer exames. Mas certa vez, enquanto lia certo texto de um pregador muito sábio, ele estava dizendo que esse é um fenômeno comum a algumas pessoas e não se trata de doença alguma mas simplesmente de DORES DO CRESCIMENTO. Dali em diante comecei a me alegrar com aquelas dores porque eu agora entendia que estava crescendo fisicamente e saudavelmente.

A dor faz crescer!

Então, nos resta apenas agradecer ao Pai pelas dores que porventura nos acometam, porque apesar do sofrimento que temos de suportar, estamos crescendo na compreensão da vida, do Evangelho e de nós mesmos diante de Deus.

Que a Graça te fortaleça em meio a dores.

Graças ás dores!

Thiago.

Nenhum comentário:

Postar um comentário