segunda-feira, 25 de junho de 2012

OS JUDEUS DE HOJE, OS GREGOS ATUAIS E A CRUZ ETERNA

"...os judeus pedem sinais...os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus".
I Coríntios 1.22-25

O Caminho do Evangelho é sempre o do equilíbrio.
Esse caminho também é chamado de estreito por Jesus, significando que é a passagem pela vida que se encontra entre os pólos da Lei e da Religião por um lado e da Libertinagem e do Abuso da graça de Deus por outro lado.

Jesus não apenas ensinou esse caminho estreito como também encarnou todo o seu significado completamente. Lendo o registro dos Evangelhos nós sempre o encontramos nesse caminho estreito, esquivando-se da Letra Morta da Religião bem como também do Abuso da Graça da Multidão que muitas vezes só queria se "aproveitar" dos benefícios que um relacionamento com Deus lhes pudesse dar.

Paulo, o apóstolo, também é um exemplo de um homem que compreendeu esse caminho estreito e se esforçou sempre para nele andar. Embora ele tenha sido apenas um homem como outro qualquer e não a Palavra Encarnada como de fato foi Jesus entre nós, dentre os homens comuns, esse irmão compreendeu e conseguiu encarnar mesmo de maneira relativa o caminho estreito proposto pelo Evangelho.

Essa fidelidade de Paulo á essência do Evangelho fica clara aqui nessas palavras aos Coríntios.
Encurralado sempre por dois grupos de pessoas - os judeus e os gentios ou gregos (a maioria dos gentios era grega) - ele sempre precisa voltar sua atenção para o caminho estreito do meio com o objetivo de não cair nos extremismos de cada grupo.

Os judeus eram o grupo "quente" daqueles que queriam sempre "ver" para crer. Por isso, viviam pedindo sinais, operação de maravilhas, manifestações visíveis que provassem a autenticidade da mensagem e do mensageiro que a carregava. Fôra assim com Jesus e continuou sendo com seus discípulos. Os judeus, em sua maioria, eram incrédulos quanto a pessoa de Jesus e a totalidade do significado do Evangelho. Por isso, viviam exigindo sinais. Quem vive exigindo sinais para crer é o pior tipo de incrédulo, padece de incredulidade crônica. Tanto isso é verdade que muitos destes que dizem crer só quando vêm, na verdade, não crêem de modo algum, ainda que um milagre aconteça na sua frente. Quem crê mesmo, tem fé ainda que não veja, pois como nos ensina o escritor aos Hebreus, a fé é certeza e convicção do que se não enxerga.

Os gentios ou gregos eram o grupo mais sofisticado, mais culto, mais estudado, de onde surgiram os filósofos, gente mais educada e racional que submetia praticamente tudo á lógica do crivo da razão. A palavra "gentios"significa "não judeus" e em sua maioria eram pessoas de cultura grega, helena, pois os gregos dominavam a maioria das regiões por onde Paulo passou pregando a Palavra. Esses, então, eram os cultos da época, os diplomados, os mestres, os doutores, os professores, os catedráticos do mundo. Tiveram dificuldade de aceitar o Evangelho porque o consideraram muitas vezes e de muitas maneiras uma mensagem pobre demais, reducionista e louca para a cultura racional apurada deles. Por isso Paulo diz que a mensagem da cruz para eles era "loucura". Eles rejeitavam a mensagem da cruz, por exemplo, porque ela era pouco sofisticada ao intelecto, simples demais, ás vezes grosseira e rude ás mentes mais elevadas da época. Pelos seus raciocínios e elucubrações, por exemplo, os gregos questionavam o fato de Deus como Pai "deixar" seu Filho morrer. Inquiriam dizendo: "Que pai é esse que deixa seu filho morrer? Que Deus é esse que abandona seu próprio filho?". Assim, pelo muito pensar e refletir, criavam vários obstáculos lógicos para a compreensão e aceitação do Evangelho.

E, agora, o que essas palavras de Paulo têm a ver conosco hoje?
Será ela atual?
Que grupos poderiam ser identificados como semelhantes a estes que Paulo enfrentou em seus dias?
Que grupos representam pólos de desvio do reto e estreito caminho do Evangelho hoje?

De modo simples, eu vejo dois grupos representantes do antigos judeus e gregos aos quais Paulo se dirigiu.

O primeiro é o das denominações evangélicas históricas.
Esse grupo é formado por presbiterianos, anglicanos, metodistas, batistas, congregacionais entre outros.
São grupos mais sofisticados, mais teológicos, mais racionais, mais pensantes, mais cultos e letrados.
Há tempos atrás eram grupos também formados pelos de maior condição financeira visto que, antigamente, cultura era muito mais cara que hoje e só quem possuía um pouco mais de recursos financeiros conseguia certos cursos, diplomas, formações, títulos e etc. Hoje, embora sejam grupos mais misturados financeiramente falando, ainda preservam um pouco de cultura e racionalidade mais densa que outros segmentos.

O segundo é o das denominações evangélicas pentencostais e neopentecostais.
Esse grupo é formado por assembleianos, evangelho quadrangular, Deus é amor, IURD, IMPD dentre muitas outras denominações e siglas existentes. Esse grupo, originalmente, foi formado por pessoas mais pobres, com menos cultura, menos acesso a educação e menos influência na sociedade de uma forma geral. É o grupo da massa, da maioria, do povão. Sua ênfase sempre foram as experiências espirituais tais como: batismos no Espírito Santo, manifestações de dons de línguas e revelações proféticas, curas milagrosas e sinais e maravilhas diversos. Seus cultos e reuniões são movidos a sensações, sentimentos, têm muito barulho,  músicas, gritarias e movimentações corporais.

Assim, percebo que os judeus de ontem são os pentecostais e neo-pentecostais de hoje bem como também os gregos do passado são os históricos de hoje. As semelhanças são óbvias.

E o que aprendemos com isso?
Que nos vale saber dessa identificação?

Para nós é importante fazer essa identificação para que possamos trilhar o caminho do meio, o estreito do equilíbrio do evangelho. Caminho este que está entre os dois pólos extremados de ambos os grupos.

O Evangelho da Cruz, como diria Paulo hoje, é escândalo para os pentecostais e neo-pentecostais assim como é loucura para os históricos racionalistas. Essa cruz - que não é somente histórica, mas também espiritual e eterna - precisa ser pregada a esses dois grupos também, pois se desviaram do caminho estreito, seguindo seus próprios caminhos e polarizações inventadas por homens.

Deste modo, sem medo nenhuma, eu arrisco aqui uma contextualização das palavras de Paulo aos Coríntios:

"...os pentecostais e neo-pentecostais pedem sinais...os históricos buscam sabedoria; mas nós discípulos do Senhor pregamos a Cruz Eterna do Cordeiro Imolado antes que houvesse mundo; Cruz essa e Cristo esse que é escândalo para os pentecostais - pois são incrédulos crônicos - e é loucura para os históricos letrados e teológicos - pois acham a simplicidade de Cristo reducionista demais para seus poderosos cérebros e arquitetações humanas; pregamos para todos os chamados, quer façam parte do primeiro, do segundo ou de nenhum dos dois grupos, visto que esse Cristo é o Poder que os pentecostais tanto pedem e a Sabedoria que  os históricos tanto buscam. Nele, somente nele, encontramos tudo que precisamos, seja sabedoria, seja poder, seja o que nos fôr necessário. Portanto, a loucura do Evangelho da Graça de Deus que parece tão simples é a sabedoria de Deus que confunde o mais sábio dentre os homens e a fraqueza do Puro Estreito e Reto Caminho Antigo dos Profetas e Apóstolos é mais forte que o poder almejado pelos homens que se julgam fortes e poderosos pela via da manifestação de prodígios e sinais. Concluímos, portanto, que Jesus na Cruz é tudo que precisamos e nada mais nos é necessário além dele. Amém".

A Cruz Eterna do Cordeiro Imolado continua erigida para que diante dela se curvem os que pedem sinais, os que buscam sabedoria ou qualquer outro tipo de homem que possa existir sobre a face da terra.

Amém. Glória ao Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo antes que mundo houvesse.

2 comentários:

  1. Discordo desta interpretação que embaraça-nos a vista da verdade da Palavra. Jesus é poder de Deus e como sentir o poder de Deus sem expressá-lo corporalmente? Não sou uma múmia paralítica!

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  2. Você tem todo o direito de discordar. Entretanto, a verdade da Palavra nos ensina que o poder de Deus se manifesta de variadas maneiras, não apenas do "modo pentecostal", que é esse que você advoga dizendo que precisamos "sentir o poder de Deus e expressá-lo corporalmente"; não apenas do "modo histórico" que é mais racional e comedido e nem de qualquer outro modo "humano padronizado" porque Deus não cabe nos padrões humanos. Portanto, ELe pode se manifestar do modo como quiser e não do "nosso modo" particular e de estimação. Sentindo ou não, Ele pode agir.

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