quarta-feira, 7 de março de 2012

VOCÊ ESTÁ FUGINDO DO SEU PRÓXIMO?

"Acaso não é este o jejum que escolhi...que não te escondas do teu semelhante?"
Deus, ao povo que se via espiritualizado, mas se escondendo dos necessitados
Isaías 58,6-7

As pessoas estão se escondendo umas das outras!

Sim, em plena era da "conectividade", do "compartilhamento", dos muitos "amigos em redes sociais", das diversas ligações internetianas, as pessoas continuam distantes umas das outras.

Posso provar o que digo, pois tenho observado o comportamento de muitos no meu dia a dia, inclusive o meu próprio, pois muitas vezes me escondo quando poderia aparecer para ajudar e contribuir. Um desses momentos que vejo todos os dias e que ilustram esse distanciamento é a procura de lugares para se sentar em diversos ambientes. A grande maioria das pessoas que chegam a um lugar sozinhas preferem sentar-se sozinhas do que em uma mesa onde alguém já esteja sentado e haja outros lugares. No ônibus coletivo isso é coomum todos os dias. As pessoas passam a roleta e já começam a procurar um lugar vazio e isolado do contato com outros, pois só se sentam ao lado de alguém por falta de alternativa, mas quase nunca por naturalidade de quem não teme nada nem ninguém. A situação se repete em diversos outros ambientes. Um deles são as lanchonetes. Hoje mesmo, no horário de almoço, fiz meu pedido no balcão e me sentei em uma mesa onde já havia uma jovem sozinha. Ficamos esperando nossa senha chegar para buscarmos nossa comida. Obviamente, a dela apareceu primeiro visto que ela pediu primeiro. Quando ela se levantou fiquei atencioso para ver se ela voltaria para a mesma mesa comigo ou procuraria uma outra vazia. Advinha o que aconteceu? Ela pegou sua refeição e imediatamente procurou sentar-se sozinha em uma outra mesa. Imediatamente, mais uma vez, constatei outro exemplo dessa verdade que acabei de expor, visto que, aparentemente, ela não tinha nenhum motivo para retirar-se, pois eu de nenhuma maneira fui inconveniente, tratando-a com toda boa educação.

As pessoas estão se escondendo umas das outras em plena "era de conexão"!

Que contradição!
Que ambigüidade!
Que paradoxo!
Que terror!
Que frieza e medo uns dos outros!

Será que a tecnologização da vida tem nos aproximado ou nos congelado?

A culpa, porém, não é da tecnologia, mas do coração humano duro, insensível, embriagado, gelado, desamoroso, egoísta, individualista, etc. O problema não são os objetos, aparelhos ou tecnologias. Somos nós mesmos! É o espírito de extratificação da alma que opera pelo mundo afora e atinge a maioria.

Esse fato é cumprimento da profecia de Jesus a respeito do esfriamento do amor que se daria por causa da multiplicação da iniqüidade. Ambos são fatos inequìvocos: o aumento da iniqüidade e o congelamento do amor. É verdade ou estou exagerando? Estou aumentando ou supervalorizando os fatos?

É contra essa frieza que o Senhor fala ao povo por meio de Isaías. Um povo que se achava espiritual, santo, imaculado, perfeito, escolhido a dedo. Um povo que jejuava constantemente, realizava exercícios espirituais diversos e assim pensava enganar Deus a respeito da sua real condição. Você sabe qual era a real condição deles? Entre muitos outros pecados e estados iníquos de alma, eles também estavam escondendo-se uns dos outros, principalmente dos necessitados e das necessidades. Jejuavam, mas fechavam o coração para socorrer os necessitados que lhes apareciam pelo caminho; privavam-se de alimento, entravam no templo, rasgavam as vestes e punham pó de cinza na cabeça como sinal de quebrantamento, mas estavam totalmente duros diante das reais necessidades dos pobres ao seu redor.

Então, o Senhor lhes ensina que devoção verdadeira, entre outras coisas, é apresentar-se ao próximo para socorrê-lo e ajudá-lo sempre que preciso e necessário. Esse é o jejum, a oração, a oferta, o culto, o cântico, a adoração que o Senhor requer de nós e da qual ele realmente tem prazer.

Agora, responda-me o seguinte: qual a diferença daquele povo para nós hoje aqui e agora? Somos nós muito mais quebrantados que eles? Ou somos nós tão duros e gelados como eles eram?

A verdade é que nós, na maioria das vezes, e salvo raras excessões, somos iguais ou piores que aquele tipo de gente. É ou não é? Estou certo ou errado? Falo sabiamente ou insensatamente?

De nada vale ter 400 amigos no Face e 500 seguidores no Twiter e fechar o coração para os seres reais que nos cruzam o caminho todos os dias. Nada vale ter perfil em 10 redes sociais e ignorar a necessidade real do pai, da mãe, do filho, do irmão de sangue, do amigo, do companheiro de trabalho ou estudos, do vizinho ou de qualquer outra pessoa real com quem nos relacionemos e para as quais podemos estender a mão de alguma maneira.

Você está fugindo do seu próximo?
Fale a verdade...

Qual é o tipo de fuga que está realizando?

Talvez o instrumento de fuga seja a tecnologia, como já mencionei; ou o trabalho porque é muito comum as pessoas se esconderem da família aumentando desnecessariamente a carga de trabalho; pode ser também através de um lazer que começou apenas como um momento de relaxamento e descanso, mas hoje é um vício que te isola de muitas pessoas que precisam da sua presença real e concreta, de corpo, alma e espírito. Você pode estar usando a religião como objeto de facilitação da fuga, isso é muito comum. Pais se escondem de filhos dentro das paredes do templo; filhos fogem de pais em programações religiosas; maridos e esposas usam ambientes eclesiásticos para evitarem-se. Dias atrás uma pessoa me confessou que seu pai pastor ás vezes usava o trabalho na igreja para dar uma fugidinha de casa diante de certos problemas com a mulher ou os filhos.

De quem você está fugindo hoje?
Do seu pai? Da sua mãe? Do seu marido? Da sua mulher? Do seu filho? Do seu amigo? Do vizinho?

A maior conversão que nós podemos experimentar nessa vida é a conversão ao próximo visto que nem a conversão a Deus tem validade sem que nos quebrantemos diante dos necessitados e pequeninos dessa terra.

Deus nos converta uns aos outros e encerre esse fluxo de fuga e esconderijo no qual nós muitas vezes nos pomos diante de quem precisa muito de nossa atenção.

Thiago.

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