sexta-feira, 2 de março de 2012

A TODOS OS SERES FRESCOS E INGRATOS QUE NOS TORNAMOS

"...homem de dores e que sabe o que é padecer"
Isaías, a respeito de Jesus, que sofreu muito mais do que qualquer ser humano nesta terra

Ontem a noite, numa partida de futebol muito divertida entre colegas de trabalho, machuquei meu pé direito, quando ao tentar dominar uma bola e ao mesmo tempo já sair conduzindo-a, eu pisei em falso, dobrei o dedão direito para baixo e todo o peso de meu corpo recaiu sobre o pobre dedão do pé. Doeu muito na hora e no mesmo instante parei de jogar na partida por causa das dores. Quando cheguei em casa as dores aumentaram depois do esfriamento do corpo e o inchaço apareceu. Administrei gelo sobre o inchaço e ele diminuiu, mas não acabou bem como também as dores que me impediam tanto de dormir quanto de andar. Pedi socorro a um irmão amado meu vizinho e ele me deu dois remédios para me ajudar a passar a noite dormindo e sem dores visto que não compensava ir ao hospital naquele instante. Tomei os comprimidos e consegui dormir normalmente. Quando acordei a dor e o inchaço haviam diminuído, mas não cessaram. Por isso, precisei trabalhar assim pela manhã e também realizar outras atividades agora pela tarde com esse incômodo, inclusive esta de escrever essa reflexão nesse blog.

Enquanto caminhava para esta lan-house com as dificuldades de andar mancando debaixo de sol a pino sem dinheiro para comprar um chapéu, meditei a respeito dos sofrimentos de Jesus e, principalmente, do valor incomensuravelmente maior que há nos padecimentos dele em comparação com os nossos. Sim, ele padeceu muito e muito mais que todos nós juntos, inclusive porque suas dores foram profundamente espirituais e não meramente físicas, fazendo as piores dores que um homem pode sentir aqui nessa terra menores do que aquelas que ele sentiu.

Daí, então, comecei a perceber o quanto frescos e frágeis nós somos diante dessa vida!

Principalmente essa geração chamada "pós-moderna", um tipo de gente acostumada com muitos confortos que já ganharam no coração delas o status de necessidade básica. Ou estou exagerando?

Exagero quando digo que ouço muita gente dizer que é impossível viver sem automóvel? Você nunca ouviu tal confissão?
Exagero quando digo que meses atrás ouvi uma mulher confessar que a internet lhe é essencial para a vida?
Exagero quando falo que muitos não vivem tranqüilos em ambientes onde não haja ar condicionado?
Exagero quando vejo pessoas totalmente insatisfeitas porque não podem pagar uma passagem de avião e precisam viajar mais horas dentro de um ônibus muitas vezes bem confortável?
Exagero quando mostro que estamos nos tornando cada vez mais artificiais entregando-nos, por exemplo, a alterações cirúrgicas estéticas desnecessárias?
Exagero quando critico um conhecido por ir de carro a padaria muito próxima a sua casa quando ele tem tempo e nenhuma necessidade extra que exija a presença de um carro?

A lista poderia ser muito maior, mas basta por enquanto.

Fato é que deveríamos nos envergonhar do tipo de gente que nos tornamos.

Se Jesus já dizia que aquela geração a quem ele serviu era má, adúltera, incrédula, ingrata, preguiçosa e mascarada, o que ele diria de nós hoje?

Meu pequeno machucado nem pode ser chamado de sofrimento se  compararmos a verdadeiros sofrimentos físicos e espirituais realmente graves. Contudo, muita gente hoje vive supervalorizando as dores de "torçõezinhas", pequenos machucados, feridinhas, raladinhos, bobagens.

A alma moderna é terrivelmente fraca, frágil, fresca, vitimizada, exageradamente dolorida, viciada em aumentar dores pequenas e fugir de dores reais suportáveis.

Você é um desses seres frescos?
Você é, por exemplo, um metrossexual?
Ou uma patricinha insuportável?
Quer continuar assim para sempre?
Ou deseja se converter a verdade da vida que dói mas ensina a verdade e o amor a todos nós?
Você quer continuar a ser uma pessoa afrescalhada e intragável ou transformar-se em um homem e uma mulher de verdade que sente dores mas não as supervaloriza doentiamente?

Thiago.

Um comentário:

  1. Perfeito, Thiago. Adorei suas palavras. Estou satisfeita por ter tido a oportunidade de ler o texto do seu blog.
    Um abraço.

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