O POUCO E O TUDO DO EVANGELHO

"Sim", diz Ele: "Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz para os gentios, para seres minha salvação até a extremidade da terra" 

Isaías 49.6

"...Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando seu vitupério".   

Hebreus 13.12-13

O chamado de Cristo a qualquer um é um chamado para o mundo.
O mundo mesmo e não a redoma de uma instituição religiosa.
Na religião, somos chamados para dentro, para o templo, para reuniões infindáveis, programações inacabáveis, muito entretenimento e pouca realidade acerca do que significa mesmo ser discípulo de Jesus para a geração que nos rodeia e na qual fomos postos para testemunhar do Evangelho.

Sim, preste bem a atenção, vou repetir: o chamado do Evangelho é diametralmente oposto ao chamado da religião. A religião chama para dentro; já o Evangelho para fora. E esse "dentro" ou "fora" não se refere apenas a geografias, embora também se refira a elas, mas o seu significado essencial é espiritual, isto é, na religião se chama para "dentro do evangelho" e "fora do mundo"; no Evangelho se convida a entrar no mundo encharcado do poder protetor e libertador do Evangelho que funciona como uma armadura própria para se enfrentar todas as guerras espirituais a que se estará exposto no mundo físico e espiritual.

A religião até reconhece essa verdade.
Você os vê repetindo-a constantemente em sua mensagens, pregações, estudos bíblicos, congressos, etc. Entretanto, eles não a praticam. Sabem, mas não querem viver. Vivem dizendo, principalmente os teólogos: "A igreja é a comunidade dos chamados para fora porque na língua grega a palavra igreja (eclesia) significa 'chamados para fora'". Eles não são ignorantes a respeito do significado do que é ser igreja, mas, mesmo cientes, não têm disposição alguma para praticar o que afirmam crer. Daí vivem assim: discursando verdades totalmente desconectadas da realidade de seu caminhar na terra. E verdades desconectadas da realidade tornam-se mentiras, porque a verdade só se consolida na realidade e não na fala.

Quem é do Evangelho, ainda que não viva a discursar essa realidade, a conhece e se esforça por praticá-la, ou, nem se esforça muito, praticando de um modo natural e leve, porque compreendeu que com Deus não se brinca e a partir do momento que você é conhecedor de uma realidade torna-se culpado se pelo menos não se esforçar por praticá-la, principalmente se fôr uma questão importante e crucial como essa.

Portanto, Deus nos chama para sair do ambiente religioso e sermos testemunhas dele na rua, no ambiente de trabalho, no ambiente familiar, em qualquer lugar que a vida nos levar, porque na verdade o que importa é ser em qualquer lugar e quem é faz o lugar, pois não precisa que o lugar lhe dite as regras de como ser.

Sair, contudo, como acho que já disse, não é somente geográfico.
Muita gente sai da religião, mas a religião não sai dela.
Sai da denominação, do templo, da igreja local, seja lá de que lugar fôr, mas continua com o espírito trancado, enquanto algumas pessoas não "saem" fisicamente, mas seu espírito já rompeu com as estruturas falidas de babel inventadas pelo homem para controlar outros homens.

Alguns saem de corpo, mas a alma e o espírito continuam trancafiados.

O convite do Evangelho, então, é para romper com os grilhões que jazem dentro de nós, independentemente do lugar que frequentamos ou deixamos de frequentar. Esse convite é baseado na grandeza da vida e do mundo que não se limita a um templo, nem a um grupo, nem a uma instituição, nem a uma forma de enxergar a existência, mas, como diz o versículo que citei, vai "...até a extremidade da terra", porque "...pouco..." é se limitar a restauração da religião e dos seus altares, pois Deus nos fez seres livres e com capacidade para circular o mundo testemunhando dessa Palavra que é doada a todos os seres humanos que quiserem, em qualquer ambiente da terra, sejam eles quem forem e se encontrem em qualquer estado de corpo, alma e espírito que se encontrarem.

Você já saiu?
Sim ou não?
Porque continua?
Já rompeu com os grilhões que te aprisionam?
Está com medo?
Qual o motivo para tanta resiliência?
Você quer mesmo seguir a Jesus Cristo aqui na terra?
 Você quer o "pouco" ou o "tudo" do que Deus te chamou para ser?