quarta-feira, 22 de agosto de 2012

TODOS NÓS SOMOS ADÚLTEROS

"Eu, porém, vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no seu coração já adulterou com ela"
Jesus, ampliando e aprofundando o significado do pecado em nós

É interessante notar como Jesus trata de modo diferente e muito mais profundo temas que nós tratamos de maneira muito superficial e apenas considerando o comportamento observável.

O assunto do adultério é um tema que Jesus assim tratou, não porque ele tivesse um interesse especial na sexualidade como nós, que muitas vezes tratamos o assunto com uma importância demasiada, tanto positiva quanto negativamente, fazendo do sexo um ídolo do nosso coração.

Jesus não. Ele apenas respondeu a questionamentos e esclareceu realidades obscuras ás mentes carnais de muitos.

Por esse motivo, uso aqui o assunto adultério apenas como mais um dentre tantos outros que poderiam ser usados, mas que eu sei que não teriam mesmo peso de gravidade que esse, visto que somos uma geração igual ou pior áquela que Jesus dirigiu essas palavras.

Por que digo que todos nós somos adúlteros?
Porque Jesus mostrou através dessas palavras que tanto o adultério quanto qualquer outro tipo de ato pecaminoso tem uma raiz, um cerne, uma fonte e que precisamos considerar mais a origem que o fato em si. Precisamos aprofundar o nosso conhecimento acerca da natureza humana e tentar entender, á luz da palavra de Deus, as causas de certos comportamentos pecaminosos.

Digo que todos nós somos adúlteros porque, baseado nessas palavras de Jesus e no significado espiritual que elas possuem, vemos que adulterar não é apenas ter uma relação sexual ilícita, isto é, transar com uma pessoa que não seja seu marido ou mulher legítimo. Adulterar é muito mais que isso. Jesus diz que cobiçar sexualmente uma pessoa que não seja seu legítimo marido ou mulher já é adultério.

Agora, então, me responda uma pergunta simples: quem de nós jamais cobiçou sexualmente uma outra pessoa que não fosse nosso marido ou mulher legítimos?

Eu creio ser impossível encontrar uma pessoa que pelo menos uma vez na vida não tenha pelo menos em pensamento desejado sexualmente outro. Impossível! O mais íntegro e reto dos seres humanos já desejou sim alguém que não lhe era lícito possuir. Sim, porque adulterar é pecado como todos os outros que procede da fonte corrupta do nosso coração.

Deste modo, só pode dizer que não é ou nunca adulterou quem JAMAIS desejou sexualmente alguém que não lhe era permitido ter.

Eu, por exemplo, nunca adulterei de fato. Nunca possui uma outra mulher que não fosse a minha. Casei-me virgem e depois de minha separação estou em abstinência sexual. Contudo, apesar de nunca ter transado com uma mulher sem que ela fosse minha mesmo, eu já desejei muitas como todos os homens. Não me deitei com elas de fato, mas me deitei com elas na minha mente, nas minhas fantasias, nos meus desejos lascívos. Por isso, eu, embora nunca tenha adulterado de fato e pela lei não posso ser considerado adúltero, por outra lei superior que é a da verdade instalada na alma, eu sou adúltero assim como alguém que já teve várias mulheres de fato e de verdade na vida.

O que escrevo não é estímulo para qualquer pessoa sair por aí adulterando de fato porque leu aqui que "é a mesma coisa". De um lado é sim, diante de Deus, a mesma coisa; porém, de outro lado, a consumação tem seus agravantes nos corpos, nas almas e nos espíritos e as conseqüêcias de praticar o que já fantasiou é muito maior que apenas manter tudo na mente.

O que eu quero ao escrever sobre esse assunto é apenas destronar o pecado ato como se ele fosse mais pecado do que o pecado desejo, pois Deus sonda os corações e sabe que nossa iniqüidade é muito mais profunda do que os olhos podem ver. Quero também que haja mais graça para quem escorrega e cai e comete atos dessa ou de outras naturezas, visto que, embora eu ou você talvez não tenhamos cometido o que essa pessoa cometeu, no entanto, há em nós o mesmo potencial de maldade e iniqüidade para praticar o que ele praticou ou fazê-lo de maneira pior ainda.

Eu nunca adulterei, mas poderia tê-lo feito e ainda poderei no futuro e você também.
Eu nunca assassinei ninguém, mas já odiei e Jesus diz que odiar é matar o outro dentro de si.
Eu nunca roubei dinheiro algum, mas bem poderia ter sido um político frio e malandro que enriquece ás custas dos pobres e retira dinheiro da educação e da saúde para realizar caprichos e luxos.

O potencial para o mal de todo o tipo e espécie está dentro de todos nós.
O que nos impede?
A graça de Deus derramada para conter o fluxo iníqüo de ondas que nosso espírito produz rumo a morte.
A graça funciona como um freio para que esse mundo não se torne um inferno inabitável.

A graça também não apenas nos contém, mas também é derramada para nos quebrantar e transformar nosso coração em um novo coração; para que o desejo de morte seja substituído pelo anseio de vida; o prazer no pecado diminua e a alegria de gozos superiores nos invada substituindo os prazeres angustiosos da nossa carne.

Todos nós somos adúlteros, assassinos, mentirosos, ladrões, mas a Graça de Deus está disponível a todos para ser derramada no coração e produzir uma nova disposição para as coisas excelentes do espírito.

Mas para isso acontecer é preciso, como Jesus, analizar as questões assim de maneira mais profunda e abrangente e abandonar essa mania de julgar segundo a aparência conforme aprendemos na religião.

Você quer?
Eu quero!
Que Deus nos dê esse graça. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário